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Se ‘Um Instante de Amor’ é bom, sua protagonista é ainda melhor

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Ambientado nos anos 1950, filme recebeu 8 indicações ao César deste ano

Crítica  | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com

(Foto: divulgação)
Marion Cotillard é Gabrielle, jovem amante da leitura, que vive com
os pais e a irmã mais nova no interior da França
Há um determinado tipo de artista cujo talento facilmente se destaca em meio a obra na qual se insere. Ao contrário da estrela ou do galã tradicional, sua presença atrai as atenções antes para o personagem que representa do que para si próprio, de maneira a engrandecer o espetáculo como um todo, e não a ofuscá-lo. Marion Cotillard possui esse magnetismo, que advém, a princípio - e como já se espera - de seu imenso talento. Mas não só. Apenas talento não é suficiente para tamanho carisma, sempre há algo mais. E não se trata de uma estonteante beleza. Parte desse “algo mais” se dá justamente por sua feição e traços belos, sim, mas essencialmente comuns, distantes dos padrões de uma supermodelo, por exemplo. Essa beleza “normal”, coloquemos assim, aliada à sua apurada técnica, lhe permite viver a sobriedade e os extremos dos mais variados papéis de maneira assustadoramente convincente.

É quase desnecessário lembrar, aqui, o Oscar que a atriz francesa levou em 2008, ao incorporar a cantora Edith Piaf (1915-1963) em ‘Piaf: Um Hino ao Amor’. Pelo mesmo papel, ganhou também Globo de Ouro, Bafta (academia britânica) e César (academia francesa), fora outros tantos prêmios e indicações ao longo de sua carreira. Consequência natural para uma trajetória tão elogiosa.

Em ‘Um Instante de Amor’, adaptação do romance da italiana Milena Agnus, ‘Mal di Pietre’ (“mal das pedras”, em tradução literal), publicado em 2006, Cotillard é Gabrielle, jovem amante da leitura, que vive com os pais e a irmã mais nova no interior da França, no início dos anos 1950.

(Foto: divulgação)
Gabrielle se apaixona pelo tenente André Sauvage, na clínica onde faz
 um tratamento para pedras nos rins
Psicologicamente instável e com dificuldades para interagir socialmente, seus pais decidem casá-la com o empregado rural José Rabascal (o espanhol Alex Brendemühl, de ‘O Médico Alemão’, 2013). Mais tarde, Gabrielle descobre sofrer de cálculos renais (daí o título original), o que a leva a buscar tratamento nos alpes suíços. Interessante conhecer os métodos e tratamentos contra pedras nos rins praticados na época - detalhe inescapável a alguém que tem passado por isso nos últimos anos. Na clínica, conhece o tenente André Sauvage (Louis Garrel, de ‘Meu Rei’, 2015), por quem, evidentemente, se apaixona.

Se a diretora e corroteirista Nicole Garcia (de ‘Um Belo Domingo’, 2013) conta de maneira segura e, na maior parte do tempo, convencional, a história de Gabrielle, há de se destacar a qualidade estética da produção, com a bela fotografia de Christophe Beaucarne (‘O Novíssimo Testamento’, 2015) a enaltecer a precisa reconstrução histórica vista em cenários, objetos e figurinos, além da notável trilha sonora de Daniel Pemberton (‘Steve Jobs’, 2015).

‘Um Instante de Amor’ seria, no fim das contas, apenas um “filme de qualidade” (na acepção menos favorável do termo), Marion Cotillard, no entanto, sendo naturalmente maior do que a obra, a engrandece por consequência. Sorte nossa contar com seu magnífico, cativante e genuíno brilho.

Veja o trailer:

Um Instante de Amor (Mal de Pierres) - França/Bélgica/Canadá, 120 min, 2016.
Dir.: Nicole Garcia. Em cartaz desde 29/6.

As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Se ‘Um Instante de Amor’ é bom, sua protagonista é ainda melhor Se ‘Um Instante de Amor’ é bom, sua protagonista é ainda melhor Reviewed by Redação on 6/30/2017 05:29:00 PM Rating: 5

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