Episódios frequentes de azia, queimação e intolerância a certos tipos de alimentos são sintomas clássicos da doença, que atinge cerca de 30% da população adulta do Brasil
(Foto: divulgação)
Azia e queimação no estômago são sintomas clássicos do refluxo |
Constantes episódios de azia após as refeições, queimação no estômago, dor retroesternal (dor no peito atrás do osso esterno) e intolerância a certos tipos de alimentos, como frituras e condimentos; e a bebidas gaseificadas, como os refrigerantes. Esses são os mais conhecidos sinais da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) ou simplesmente refluxo, mal que atinge cerca de 30% da população adulta no Brasil.
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo e membro Titular Especialista do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Cesar Wakoff, o refluxo crônico pode ser percebido em pacientes que apresentam com frequência alguns dos sintomas citados acima. O especialista explica ainda que, além dessas reações clássicas, outros sinais podem ser um indicativo de que a doença esteja num estágio mais grave. “A tosse pode ser um sintoma mais tardio da doença, uma vez que ela aparece após episódios sucessivos de refluxo até a orofaringe [garganta], principalmente quando o paciente está dormindo, podendo muitas vezes até se queixar de acordar sufocado”, descreve o médico.
De acordo com Cesar Wakoff, a endoscopia digestiva alta, a PHmetria de 24h e manometria esofágica são os principais exames realizados para diagnosticar o refluxo crônico. Porém, exames complementares como a tomografia de tórax e abdome podem também ser necessários, especialmente em pacientes com hérnia de hiato associada ao refluxo.
A hérnia de hiato ocorre, segundo explica Wakoff, quando a porção inicial do estômago não se encontra na posição correta, que é abaixo do diafragma, facilitando o retorno do conteúdo ácido do intestino para o interior do esôfago, o que leva à ocorrência do refluxo e sensação de queimação na garganta. Especialistas médicos afirmam que as causas desse tipo de hérnia ainda não são claras, mas estudos revelam que o excesso de atividade física que exija muita força, como o levantamento de peso, o excesso de peso e tosse crônica estejam entre as origens do problema.
Além dos vários incômodos físicos, o médico Cesar Wakoff destaca que a Doença do Refluxo tem forte impacto na vida social dos pacientes. “É um problema que tira muito da qualidade de vida das pessoas, afeta muito o sono, o que atrapalha o rendimento no trabalho. A intolerância a vários tipos de alimento traz uma frustração grande ao paciente, que muitas vezes evita ir à festas e eventos sociais”, afirma.
Tratamento
O cirurgião do aparelho digestivo ressalta também que o refluxo, por ser uma doença crônica, não possui uma cura definitiva, mas possui tratamentos que trazem grande efetividade contribuindo muito para a qualidade de vida do paciente. Esses recursos terapêuticos, segundo esclarece o médico, vão desde simples ações clínicas, como a mudança de hábitos alimentares; passando pelo uso medicamentosos, e até intervenções cirúrgicas e endoscópicas.
“Mais de 60% dos casos crônicos de refluxo têm efetividade em seu tratamento só com mudanças de hábitos e uso de medicamentos. Mas um percentual entre 35 e 40% não consegue e precisa recorrer à cirurgia de fundoplicatura”. Segundo o médico, o procedimento, antes feito no Brasil somente por meio de cirurgia convencional, já pode ser realizado por via endoscópica, o que segundo ele, além de resultado efetivos é muito menos invasivo e, portanto, proporciona uma recuperação muito mais rápida.
A fundoplicatura feita por via endoscópica com uso do dispositivo médico EsophyX é um procedimento minimamente invasivo. O dispositivo é implantado na entrada do estômago por meio do método TIF, do inglês Transoral Incisionless Funduplication, ou Procedimento Transoral de Funduplicatura. A técnica fecha o esfíncter esofagiano inferior, aumentando seu tônus e promovendo assim a melhora de sintomas e reduzindo significativamente os episódios de refluxo.
Amplamente usado nos Estados Unidos e Europa, o recurso terapêutico já tratou mais de 22 mil pacientes no mundo. No Brasil, o tratamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro do ano passado. No final de janeiro deste ano, uma equipe de médicos brasileiros fez o primeiro procedimento do tipo na América Latina.
Fonte: Comunicação Sem Fronteiras
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