campa-insta


De humor inusitado, ‘Eu Não Sou Uma Bruxa’ marca sólida estreia de diretora africana

Compartilhar no WhatsApp!
Representando Reino Unido, filme tentou indicação ao Oscar de filme estrangeiro este ano

Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com

(Foto: divulgação)
Nascida na Zâmbia, Maggie Mulubwa protagoniza seu primeiro filme

Um estranhamento constante domina nossas reações diante de ‘Eu Não Sou Uma Bruxa’, filme de estreia da diretora Rungano Nyoni, zambiense radicada desde a infância na Grã-Bretanha.

A tônica é o drama. Aos 8 anos, a pequena Shula encontra-se abandonada em um vilarejo africano, onde logo é acusada de bruxaria e levada a se juntar a um grupo de mulheres mais velhas, condenadas há mais tempo pela mesma prática. Atadas a fitas que as impedem de se afastar por muitos metros, como em coleiras, elas vivem isoladas dos demais, cuidando de plantações e artesanatos, em um claro regime de escravidão.

(Foto: divulgação)
Isoladas dos demais habitantes, supostas bruxas
são exibidas como atração turística
O roteiro, no entanto, inebria-se em um senso de humor que frequentemente beira o sádico. Nunca depreciando as supostas bruxas, quem Nyoni expõe ao ridículo é a autoridade local, na figura do xerife/delegado da área, que em vez de intervir a favor da tolerância e dar aos fatos a racionalidade necessária, aproveita-se da crença popular para disfarçar sua incompetência profissional, explorando moral e socialmente a vulnerável criança.

Na verdade, como a cena inicial nos mostra, essas bruxas são importantes para a economia do lugar. São parte do roteiro turístico da região, atraindo diversos estrangeiros que as observam como a animais num zoológico.

É, portanto, um filme que denuncia absurdos que ainda acontecem no tratamento entre seres humanos. Via de regra, abusos determinados por uma relação entre quem detém o poder (político, financeiro, intelectual) e os que vivem à sombra da miséria (social, material, espiritual).

O tema não é inédito, mas esse inquietante olhar de Nyoni, íntimo e irônico, que ressalta de maneira singular o disparate da situação e prepara terreno para um desfecho ainda mais desconcertante, faz de 'Eu Não Sou Uma Bruxa' um robusto trabalho inicial, que rendeu à diretora o Bafta de melhor estreante este ano.

VEJA O TRAILER:
Eu Não Sou Uma Bruxa (I Am Not a Witch)Dir.: Rungano Nyoni
Reino Unido/França/Alemanha/Zâmbia, 93 min, 2017 - Estreou em 13/6.

As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
De humor inusitado, ‘Eu Não Sou Uma Bruxa’ marca sólida estreia de diretora africana De humor inusitado, ‘Eu Não Sou Uma Bruxa’ marca sólida estreia de diretora africana Reviewed by Thiago S. Mendes on 6/25/2019 12:31:00 PM Rating: 5

Nenhum comentário

Fale com a redação: contato@portaltelenoticias.com

-

Publicidade

-