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‘Mulheres Divinas’ é competente, mas suaviza luta feminina pelo direito ao voto

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Filme representou Suíça no Oscar 2018, mas não ficou entre os estrangeiros pré-finalistas

Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com

(Foto: divulgação)
Suíça foi um dos últimos países europeus a permitir o voto feminino


A diária luta feminina por direitos iguais nunca foi fácil. Uma das conquistas mais significativas dessa batalha histórica é o direito ao voto, essencial por abrir caminho para que mulheres também pudessem se candidatar a estes mesmos cargos eletivos.

A duras penas, o sufrágio feminino vem sendo instituído ao redor do mundo desde o final do século 19 (Nova Zelândia e Austrália foram pioneiras). Na Suíça, contudo, foi legalizado em âmbito federal somente em 1971, com cerca de 50 anos de atraso em relação a maior parte da Europa (e quase 40 depois do Brasil).

(Foto: divulgação)
A atriz alemã Marie Leuenberger é Nora,
protagonista de 'Mulheres Divinas'
Escrito e dirigido por Petra Volpe, ‘Mulheres Divinas’ narra o surgimento de um dos levantes que ajudou a transformar a opinião pública suíça. Em um pequeno vilarejo no interior do país, Nora (a alemã Marie Leuenberger) é mãe, esposa e trabalhadora dedicada. Assim como suas colegas, seu dia é ocupado entre as tarefas domésticas e profissionais. Timidamente, começa a se engajar na causa feminista e, pouco a pouco, vai ganhando apoio de suas conterrâneas, à revelia de seus esposos e da maioria conservadora da região.

No entanto, a dor e sofrimento que permeiam tantos relatos históricos sobre mulheres que estiveram na linha de frente dessas batalhas são atenuados em ‘Mulheres Divinas’. Tem, sim, seus momentos de forte tensão e injustiça, mas é predominado pelo tom de tragicomédia, ainda que seus inúmeros alívios cômicos sejam discretos. Talvez para se distanciar um pouco de ‘As Sufragistas’ (2015), recente filme britânico sobre o mesmo tema (com Meryl Streep no elenco), mas que aborda a insurreição do movimento na Londres do início do século 20. Este sim, um realístico drama do início ao fim.

(Foto: divulgação)
Movimento sufragista suíço emergiu
no embalo dos eventos de maio de 1968
Porque, no fim das contas, quem assistir ao filme suíço já tendo visto de antemão o longa britânico fatalmente perceberá as semelhanças estruturais entre um e outro: ambos contados sob o ponto de vista de uma mulher que, a princípio, não se identifica com a causa, mas a partir de um fortuito contato com militantes, começa a perceber a importância do movimento e, secretamente, passa a se interessar pelo assunto. Há, por sinal, cenas muito parecidas, como a repreensão do marido ao descobrir as intenções da mulher, frisando que a lei está ao lado dele.

É positivo, portanto, que a produção suíça utilize de otimismo e bom humor para se distanciar do par britânico. Podemos dizer que ‘Mulheres Divinas’ enfatiza o resultado vitorioso dos protestos, enquanto ‘As Sufragistas’ acentua o doloroso caminho enfrentado.

Do ponto de vista artístico, pode não ser tão interessante deparar-se com dois filmes similares em tão pouco tempo, mesmo que bem realizados. Já do ponto de vista humano, é notável que se dê importância ao tema. Há, ainda hoje, dezenas de países que continuam impedindo suas mulheres de votar. Certamente valeria a pena conhecer a história por trás da conquista do sufrágio feminino em cada uma das pouco mais de 70 nações onde é permitido até o momento. Uma forma, inclusive, de pressionar as regiões que insistem em proibir esse direito.

Veja o trailer:
Mulheres Divinas (Die Göttliche Ordnung) - Suíça, 96 min, 2017.
Dir.: Petra Volpe - Estreou em 14/12.

As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
‘Mulheres Divinas’ é competente, mas suaviza luta feminina pelo direito ao voto ‘Mulheres Divinas’ é competente, mas suaviza luta feminina pelo direito ao voto Reviewed by Thiago S. Mendes on 12/28/2017 09:27:00 PM Rating: 5

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