Comédia pouco inspirada, ‘Lolo: O Filho da Minha Namorada’ força a amizade com espectador
Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Já não é de hoje que a franco-americana Julie Delpy concilia a carreira de atriz arriscando-se em outras funções por trás das câmeras. Foi como roteirista que conquistou suas duas indicações ao Oscar, ao coescrever o segundo e terceiro capítulos da deliciosa trilogia romântica que protagonizou com Ethan Hawke ao longo das últimas três décadas: ‘Antes do Amanhecer’ (1995), ‘Antes do Pôr-do-Sol’ (2004) e ‘Antes da Meia-Noite’ (2013).
Como diretora, Delpy ainda busca regularidade. ‘Lolo: O Filho da Minha Namorada’, sexto longa-metragem que dirige e oitavo que roteiriza, trata-se de uma comédia pouco inspirada sobre a manjada história do filho que faz de tudo para afugentar os namorados da mãe.
O início é até divertido e mantém a esperança de que pouco a pouco o filme crescerá. Conhecemos Violette (interpretada pela própria diretora) e sua melhor amiga, Ariane (Karin Viard, de ‘A Família Bélier’, 2014), mulheres solteiras, na casa dos 40 anos, que falam sobre homens e sexo sem qualquer tipo de pudor, como uma versão à francesa da série ‘Sex and the City’ (1998-2004), sob um ponto de vista - ou qualquer comédia semelhante da Globo Filmes, sob outro. Não demora até Violette se envolver com Jean-René (o também ator/diretor/roteirista Dany Boon) e o apresentar a Eloi, o filho a quem carinhosamente chama de Lolo.
Eloi (Vincent Lacoste, que já contracenou e foi dirigido por Delpy em ‘O Verão do Skylab’, 2011) é um aspirante a artista plástico de 18 anos e um claro complexo de édipo mal resolvido. Assim que a mãe surge em casa com o novo par, o marmanjo incorpora o pior Bart Simpson que há nele para estragar o novo relacionamento - e, infelizmente, o filme.
Não bastassem situações para lá de improváveis, ainda temos que aturar o olhar de Denis Pimentinha em direção a câmera cada vez que Eloi está prestes a colocar em prática algum “plano infalível” contra Jean-René. Tem até o amiguinho “geek” (viciado em tecnologia), Lulu (Antoine Longuine, estreando no cinema) para apoiá-lo e compartilhar o andamento da operação.
(Foto: divulgação)
Melhor seria se o personagem-título fosse, de fato, uma criança, pois o que mais incomoda em ‘Lolo’ é ver um adulto deliberadamente causar tanto sofrimento e humilhação a sua mãe - não custa lembrar que estamos diante de uma comédia. Tamanha repugnância beira o sadismo. Tivesse Eloi alguns anos a menos e poderíamos engolir com mais facilidade suas traquinagens inconsequentes.
Outra saída seria deixar Jean-René menos nobre e inocente, pois trata-se de bom caráter, profissionalmente bem-sucedido, cujos sentimentos para com Violette são realmente genuínos. A ausência de um mínimo traço de vilania em René torna ainda mais difícil qualquer tipo de empatia em relação a Eloi.
E aqui a grande ironia: diante de todo o bom-mocismo de Jean-René, seu relacionamento com Violette seria próximo à perfeição - ou à monotonia, dramaturgicamente falando, pois não haveria conflitos a serem explorados. Ou seja, Eloi atrapalha um enredo que sequer faria sentido existir, não fosse a presença deste mesmo personagem, pois toda a ação da trama depende diretamente dele. Por isso a forma como foi desenvolvido prejudica tanto o resultado final.
Veja o trailer:
Lolo: O Filho da Minha Namorada (Lolo - França, 100 min, 2015).
Em cartaz desde 25/8.
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Eloi (à direita na foto) é um aspirante a artista plástico de 18 anos e um claro complexo de édipo mal resolvido |
Como diretora, Delpy ainda busca regularidade. ‘Lolo: O Filho da Minha Namorada’, sexto longa-metragem que dirige e oitavo que roteiriza, trata-se de uma comédia pouco inspirada sobre a manjada história do filho que faz de tudo para afugentar os namorados da mãe.
O início é até divertido e mantém a esperança de que pouco a pouco o filme crescerá. Conhecemos Violette (interpretada pela própria diretora) e sua melhor amiga, Ariane (Karin Viard, de ‘A Família Bélier’, 2014), mulheres solteiras, na casa dos 40 anos, que falam sobre homens e sexo sem qualquer tipo de pudor, como uma versão à francesa da série ‘Sex and the City’ (1998-2004), sob um ponto de vista - ou qualquer comédia semelhante da Globo Filmes, sob outro. Não demora até Violette se envolver com Jean-René (o também ator/diretor/roteirista Dany Boon) e o apresentar a Eloi, o filho a quem carinhosamente chama de Lolo.
Eloi (Vincent Lacoste, que já contracenou e foi dirigido por Delpy em ‘O Verão do Skylab’, 2011) é um aspirante a artista plástico de 18 anos e um claro complexo de édipo mal resolvido. Assim que a mãe surge em casa com o novo par, o marmanjo incorpora o pior Bart Simpson que há nele para estragar o novo relacionamento - e, infelizmente, o filme.
Não bastassem situações para lá de improváveis, ainda temos que aturar o olhar de Denis Pimentinha em direção a câmera cada vez que Eloi está prestes a colocar em prática algum “plano infalível” contra Jean-René. Tem até o amiguinho “geek” (viciado em tecnologia), Lulu (Antoine Longuine, estreando no cinema) para apoiá-lo e compartilhar o andamento da operação.
(Foto: divulgação)
Eloi atrapalha um enredo que sequer faria sentido existir |
Outra saída seria deixar Jean-René menos nobre e inocente, pois trata-se de bom caráter, profissionalmente bem-sucedido, cujos sentimentos para com Violette são realmente genuínos. A ausência de um mínimo traço de vilania em René torna ainda mais difícil qualquer tipo de empatia em relação a Eloi.
E aqui a grande ironia: diante de todo o bom-mocismo de Jean-René, seu relacionamento com Violette seria próximo à perfeição - ou à monotonia, dramaturgicamente falando, pois não haveria conflitos a serem explorados. Ou seja, Eloi atrapalha um enredo que sequer faria sentido existir, não fosse a presença deste mesmo personagem, pois toda a ação da trama depende diretamente dele. Por isso a forma como foi desenvolvido prejudica tanto o resultado final.
Veja o trailer:
Lolo: O Filho da Minha Namorada (Lolo - França, 100 min, 2015).
Em cartaz desde 25/8.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Comédia pouco inspirada, ‘Lolo: O Filho da Minha Namorada’ força a amizade com espectador
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8/29/2016 01:58:00 PM
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